A fraude no Benefício Emergencial (BEm), e as lições que deixaram um golpe evitável.

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Quando a pandemia chegou ao Brasil em março de 2020, ninguém poderia ter imaginado que quase cinco meses depois, a economia brasileira apontaria para uma retração do 8% em 2020, um dos piores resultados globais, de acordo com estimativas divulgadas pelo Banco Mundial.

Mais de 3 milhões de pessoas perderam seus empregos, e outros de 12 milhões tiveram que, em algum momento desde março até agosto, aceitar diminuição na jornada de trabalho e nos seus salários, depois de assinar acordos feitos com seus empregadores em crise.

Os acordos, que fazem parte do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm), criado em abril pelo Ministério da Economia, procuram ajudar aos trabalhadores do País com uma renda equivalente a um percentual do que poderiam receber pelo seguro de desemprego.

Para aquela missão se designaram R$ 51,6 bilhões, naquele momento, que seriam entregues através da Caixa Eletrônica Federal, em parcelas que variam entre R$261 e R$ 1813, a todas as pessoas que tiveram seu contratos suspendidos, salários ou jornadas de trabalho reduzidas, por um prazo máximo que foi reajustado em julho, de até 120 dias.

Quatro meses após o programa iniciar, o TCU (Tribunal de Contas da União) anunciou no relatório de auditoria que 90,000 pessoas terminaram roubando R$ 150 milhões da verba, usando acordos fraudulentos. Segundo o relatório, havia pessoas que solicitaram os benefícios várias vezes, também fizeram pagamentos a trabalhadores que morreram antes da criação do BEm, e até encontraram desembolsos feitos a funcionários públicos. 

De que jeito uma fraude tão gigantesca acontece sem ninguém perceber a cadeia de erros que acabaram com a perda de R$ 150 milhões?

Uma das razões que deu o Ministério das Contas foi que o governo usou bases de dados desatualizadas para fazer a validação das solicitações feitas pelos trabalhadores e as empresas. Em outras palavras, a análise da informação e a fase de pré-verificação foram completamente ignoradas. Neste caso, além de ser um fato preocupante, é muito importante reconhecer a pronta necessidade do País de aumentar a conscientização sobre a prevenção de fraudes, avaliando todos os cenários possíveis, e os pontos fracos no processo de manipulação de dados.

Pensei nas milhões de pessoas que realmente precisavam fazer aquele acordo quando a crise começou para se salvar da demissão, e outras que ainda hoje, tem necessidade desse dinheiro para conseguir pagar suas contas no final do mês.  Na verdade, este caso deve ser uma lição para todos os empresários, funcionários do governo e empreendedores que recebem a diário e em grande quantidade, informações pessoais de fornecedores, empregados e parceiros, e acham na hora, que é documentação verídica. 

A diferença que faz R$150 milhões

Supondo que a entidade responsável pelo BEm tenha tido a precaução de fazer a verificação dos dados das pessoas e as empresas antes de aprovar cada solicitude, e o dinheiro não teria desaparecido, das 3 milhões de pessoas que segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) foram demitidas desde março até hoje, pelo menos quase 174 mil poderiam ter recebido os R$ 863 que em média recebe o pessoal que já conta com o benefício, como ajuda para o primeiro mês após receber a demissão. Essa quantidade de dinheiro alcançaria para pagar um aluguel; ou a comida do mês; ou um vale de transporte; ou para investir num micro empreendimento para suportar a escassez imediata; ou até para pagar uma parcela do cartão de crédito.

Milhões de vidas no Brasil teriam sido diferentes nesta pandemia, se apenas aquelas bases de dados tivessem sido verificadas. 

A fraude na identidade no Brasil antes da pandemia

Mesmo antes da pandemia, o panorama da fraude respeito a identidade no Brasil já estava ruim. Segundo uma pesquisa publicada pela Serasa em abril de 2020, embora o 100% das empresas brasileiras entrevistadas asseguraram que seu processo na identificação dos usuários no ambiente digital era de total sucesso, 70% dos negócios online apresentaram aumento dos prejuízos com fraude. Esse excesso de confiança em processos de validação de identidade muitas vezes manuais, obsoletos ou completamente ausentes, gera consequências tão graves como no caso do BEm.

Imagina agora que isso mesmo acontece na sua empresa, mesmo sendo você empregador ou empregado. Os impactos negativos não só serão de tipo econômico, como já é evidente, mas também sua reputação no mercado vai sofrer. A relação com os clientes, parceiros e qualquer outro stakeholder terminarão sendo muito afetadas, embora seu produto ou serviço sejam de alta qualidade.

O caso do BEm é uma lição que ficará para todos nós...

 

... de como a automação da verificação de identidade nas mãos de especialistas com experiência no manuseio de grandes quantidades de dados, é com total certeza, a solução para fraudes de identidade no Brasil e o resto da América Latina.

 

 

 

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